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BETH GUEDES
( BRASIL – MINAS GERAIS )
A poetisa Elizabeth do Rosário Guedes Fernandes nasceu em Curralinho/Extração, distrito de Diamantina (Minas Gerais).
É formada em Filosofia, Letras (FAFIDIA) e Direito )FCID).
Desde 1977 é atuante, com sua poesia, na vida artístico-cultural de Diamantina e região.
Membro e cofundadora do Grupo de Incentivo ao Escritor Diamantinense (GIED) e da Academia de Letras e Artes de Diamantina (ALAD), foi premiada em concursos de poesia como o FESTIVALE e tem poemas em coletâneas, revistas, jornais e outros espaços.
Participa de atividades como declamação e divulgação poética, exposições, feiras de livros, documentários, palestras, oficinas, entrevistas. Publica esporadicamente em jornais como O Vale Hoje (Itamarandiba- MG) e Gazeta Tijucana e tem coluna semanal no jornal Voz de Diamantina.
Obras publicadas: Viver é isso e algo mais (1987); A Pá (lavra) (1999); A Leveza da vida em versos
(2013) e
O sopro do belo (2021).
GUEDES, Beth. A leveza da vida em versos. Projeto gráfico, revisão, fotos e capa: Silvio Diogo. Apresentação por Antonio de Paiva Moura. Diamantina, MG: Edição da Autora, 2013. 70 p. No.10 873 Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
AH... COR... DAR
Enxergo o mundo
Pelas lentes claras
Em que a visão revela
O poema não escrito.
Virgem em sua forma,
Beleza sem mácula.
Letras se abraçam
No carinho da frase.
Leitor embevecido
Soletra as emoções,
O segredo do sentir
Desnudo pelo verso.
No colo das letras,
O maternal carinho
Embala o homem
No discurso da vida.
O sentimento intacto
Na ilusão do sonhar
Rascunha a percepção
Na pele do sensível.
Mal rompe o dia,
Bela como sempre,
a poesia nos acorda
Tão senhora de si!
RAJADAS DE LUA
Por entre rajadas de chumbo,
Instantâneo rastro de lua
Simula cores de sonhos
Ante o olhar embevecido.
Quero-te tocar a face,
Sentir o aroma macio,
Desvendar teus segredos,
Versos tão cheios de lua.
Mas tu foges como a vida,
Nasces linda em cada fase.
Precisas ser inacessível
Como um sonho impossível!
ENCANTO
A alegria das palavras
Colore a face do tempo.
O homem rabisca sonhos,
Desenha ilusões ao vento.
Nuvens inventam seres
Na retina azul da vida.
O mundo enlaça o belo,
Poesia seduz a ternura.
Carinho enfeita amores.
Juras despertam desejos.
Inspiração ensaia paixões.
Sentimento brinca n´alma.
No alforje da saudade,
Ombros suportam a falta.
Memória retrata abraços,
Coração arquiva sorrisos.
O poema do cotidiano
Espreita o ventre o dia.
Versos recém-nascidos
Entoam canções ao vento.
Flores semeiam aromas,
Primavera recita cores.
Chuva desliza na pétala.
A vida se entrega ao belo.
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GUEDES, Beth. A Pá (Lavra). Projeto gráfico e capa Vanderlecio Vieira. Prefácio de João Evangelista Rodrigues. Belo Horizonte, MG: Armazém de Idéias, 1999. 60 p. No. 10 874
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
A Pá (lavra)
Uma vida inteira na textura da palavra!
Nesta linguagem tão abstrata do ser.
Todo sentimento cabe na entrelinha,
Sonho feito num espaço de letras.
Todo dia acrescento palavra nova,
Descubro tanta metáfora na poesia!
E o ser transcende em cada verso,
Neste ofício de palavrear o humano!
Até o inefável o discurso nomeia,
Na pá lavra a escritura da essência.
Toda a poesia advém da observação
E a sensibilidade já não cabe em si!
A pá lavra nas profundezas do ser!
Na caligrafia de toda uma existência.
O humano não é mais que palavras
E nesta pronúncia escuto o desejo.
E no rumo do verso guia-me a escrita!
Cinzas
Raras as palavras,
Escassos os desejos,
Minguados os sentimentos.
E o silêncio arrogante
Refugiou-se no coração.
Os olhos tateantes
No escuro,
Perderam o rumo da casa
E vagaram vagabundos,
E esbarrarem no caos.
Esfarrapados pela vida
Os sonhos cambalearam
Trôpegos, semi-bêbados
Tragados pelo real.
Espatifado em mil pedaços,
O amor exalava perfume
Do frascos, que jazia em cacos.
Na esquina da desilusão,
De braços dados com a dor
A cinza da saudade
Flertava com a solidão.
Credencial da Pele
Perecível
A matéria.
Negra
A artéria.
E a pigmentação na pele
Escurece uma raça
Emudece uma massa
E o preconceito
embrutece:
Nas senzalas do mundo!
GUEDES, Beth. Caligrafia do entardecer.
Apresentação por José Antônio Marins. Salvador, BA: Carpe Librum
editora, 2022. 72 p. ISBN 978-65-SSSS994360-5-5 No. 10 875
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
EXPECTATIVA
Enxergo luz no final do túnel
nesga de brilho no olhar da vida
nos papéis poemas respiram
centelha de ar no pulmão do verso
Esperança pousa feito inseto
por flores, galhos, ramos
equilibra-se no verdor das ilusões
e se perde na profusão de cores
Nas fantasias a vida ressurge
tênue miolo do instante
seiva e sumo da ilusão
que eterniza o transitório
As horas advinham o mutável
as juras de amor impensadas
que mudam no tempo
confundem o coração
Há de vir o sonho de sempre
sol e a lua no mesmo céu
estrelas vão luzir em nós
lanternas de vagalumes
Esperança breve e faceira
com fitas verdes nos olhos
envolverá nossos corpos
em dança na música de nós
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Página publicada em setembro de 2024
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